sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Sociedade da incompletude

Iniciei o ano de 2019 com uma leitura bastante comentada nos últimos tempos, inclusive, você já deve ter ouvido falar do livro: "A sutil arte de ligar o foda-se", do autor Mark Manson. 
A cada capítulo compreendi melhor a estratégia proposta por Mark. Determinadas passagens me tocaram, por conta disso, voltei a escrever e, por que não, compartilhar esses pensamentos aqui no blog. 




Em seu livro, o autor fala sobre como o mundo atual nos tornou seres eternamente insatisfeitos. Almejamos um certo modelo de carro, quando o compramos, a indústria do comércio nos apresenta outro com um motor mais potente ou um design mais inovador. De repente aquele automóvel novinho na garagem, já não tem o prestígio de antes.
Almejamos uma roupa usada por uma atriz famosa, divulgada em todas as mídias possíveis. Acreditamos que a nossa felicidade será completa se tivermos aquela peça. Passa alguns meses e o modelo tão desejado, é só mais uma peça mofando dentro do armário.
A internet nos tornou seres mais evoluídos, mas por outro lado, plantou em nós o sentimento de incompletude. A roda nunca para de girar, sempre queremos mais, os nossos desejos são substituídos a todo instante. Propagandas seduzem e, consequentemente, somos seduzidos. 
Nada é bom o suficiente. Vivemos a era da sociedade do consumo. Momento em que a felicidade é exibida nas redes sociais constantemente.
Por conta disso, desenvolvemos sentimentos de irritabilidade, estresse, ansiedade e tristeza, pois, na maioria das vezes, não nos encaixamos nos padrões estampados na TV ou nas redes sociais. 
No Facebook, vive-se no país das maravilhas, todos felizes, fazendo viagens maravilhosas, declarações de amor intermináveis, publicações lindas de auto aceitação. Todo mundo sorrindo e bem resolvido. Desse jeito, não é estranho que você pense que a sua vida é uma porcaria diante de tamanha felicidade. 
É justamente sobre esse sentimento que Mark Manson inicia o debate do livro, essa sensação de frustração, só nos faz mal. "Daí a importância de ligar o foda-se. É isso que vai nos salvar, nos fazendo aceitar que o mundo é uma doideira e que tudo bem, porque sempre foi assim e sempre será" (MANSON, 2017, p. 16).
Em outras palavras, o que Manson quis dizer é que, no momento em que você se desprender e compreender que a sua vida nunca será tão boa quanto àquela retratada, essa sensação de fracasso sumirá instantaneamente. 

Não tem o carro do ano? E daí, foda-se.
Não tem aquela roupa tão desejada? E daí, foda-se.
Não tem aquele corpo perfeito? E daí, foda-se.
Não cursou medicina? E daí, foda-se.
Ainda está solteira aos 40 anos? E daí, foda-se.
Decidiu não ter filhos? E daí, foda-se.
Não viajou para o exterior? E daí, foda-se.

A internet nos tornou vítimas do narcisismo, do consumo, da felicidade eterna. Compramos tanta coisa, publicamos tantas mensagens sem sentido, gastamos mais tempo tirando foto dos fogos de artifício do que realmente olhando direto para eles. Assim como Mark, concordo que diante da tantas desejos e oportunidades, esquecemos do que realmente importa.
Por isso, aproveite a chegada de 2019 para refletir sobre de que forma você está se preocupando com problemas tão pequenos e inatingíveis. Não tenha medo de errar, de não se encaixar, de sentir raiva. Ninguém é feliz o tempo todo.
Se importe com muitas coisas, mas também acione dentro de si aquele botãozinho do "foda-se" para situações em que não valem a pena você prejudicar a sua saúde mental e física. Você perceberá que serão esses desprendimentos que farão de fato diferença em sua vida. 
No entanto, Mark Manson (2017, p. 22) destaca que "ligar o foda-se não significa ser invulnerável, mas se sentir confortável com a vulnerabilidade."
Seja feliz com as suas vulnerabilidades. Aprenda a sobreviver a tantos rótulos e padrões. Não se vitimize,  torne-se um personagem com características próprias, sejam elas quais forem. Leve o tempo que for preciso. E se não conseguir, foda-se, tente de novo. Fracassar faz parte.


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