quarta-feira, 8 de junho de 2016

Eu tenho fibroadenoma!

Na publicação de hoje não vou falar sobre viagens ou restaurantes, muito menos refletir sobre fatos corriqueiros do meu dia a dia. Quero deixar aqui um depoimento. Contar um fato que aconteceu comigo e, quem sabe, pode estar acontecendo com você. Quero ajudar, esclarecer, alertar sobre a importância de fazer exames e cuidar da saúde, independentemente da idade. 

A história começa assim...


O ano era 2013. Tinha acabado de voltar de um intercâmbio incrível em Toronto no Canadá. Estava no sétimo semestre do curso de Jornalismo, iniciando o meu trabalho de conclusão. Com 22 anos, admito que fazer exames e ir ao médico não era uma das minhas prioridades. Foi então, que a vida me surpreendeu.

Estava cursando apenas três disciplinas. Segunda era um dos meus dias de folga. Por isso, aproveitei para escrever e fazer pesquisas para a monografia. Lembro que naquele dia fiquei a noite toda acordada, pois queria finalizar um capítulo importante. Estava distraída digitando e, sem prestar muita atenção em meus movimentos, encostei a mão sobre o meu peito e senti uma bolinha no meu seio.

Imediatamente gelei e o meu corpo todo começou a tremer. Tentei ignorar aquilo e continuar o meu trabalho. Impossível, o medo tomou conta de mim. Só pensava o pior.

Desesperada, chamei minha mãe e contei o que tinha acontecido. Pedi para ela encostar em mim e procurar o tal nódulo para confirmar se aquele pesadelo era mesmo verdade. Ela sentiu e encontrou a tal bolinha no meu peito. Chorei. Era como se o mundo tivesse parado. Na minha cabeça rodava um filme da minha vida, da minha história. A única coisa que eu pensava era: por que comigo?

Depois daquele primeiro impacto não me lembro muito do que ocorreu em seguida. Só recordo do abraço e das palavras carinhosas da minha mãe dizendo que tudo ia ficar bem. Abandonei o meu trabalho de conclusão e minhas preocupações bobas para pensar em mim, na minha saúde. Fiquei acordada a noite inteira e, apesar de não estar tão frio, meu corpo continuava tremendo.

Quando acordei na manhã seguinte, tinha esperança de que tudo aquilo fosse um sonho. Mas, para a minha decepção, era a mais pura verdade. Logo cedo, minha mãe conseguiu uma consulta com um ginecologista. Assustada, tomei um banho, sem tocar nos meus seios, e parti rumo ao Hospital.

Estava tão nervosa que ao entrar no consultório, chorei. Tinha medo do que poderia ouvir. O médico fez várias perguntas e depois de um exame completo, me acalmou e disse para eu ficar tranquila, pois aquele nódulo provavelmente era benigno. Mas, aquele "provavelmente" martelava na minha cabeça. Como conviveria com aquela dúvida constante?

O médico me indicou uma ecografia mamária. Saímos do hospital direito para fazer o exame. Minha prioridade naquele momento era a saúde. Aqueles minutos na salinha de espera pareciam uma eternidade. Nada nem ninguém despertavam a minha atenção, só conseguia pensar naquele nódulo. Para piorar a situação, outubro é o mês rosa, mês em que se combate o câncer de mama. Todos os cartazes e as reportagens na TV só aumentavam minha angústia.

Quando ouvi meu nome ser chamado pela enfermeira, estremeci. Por mais que minha mãe estivesse ao meu lado, sentia-me extremamente sozinha. O meu desejo era sair correndo dali e esquecer tudo, voltar a rotina. Mas, infelizmente, eu não podia fugir de mim mesma nem dos meus problemas, eles me perseguiam aonde eu fosse.

Quando deitei na cama para fazer os procedimentos, senti minha vida parar. Enquanto a médica examinava o nódulo da mama esquerda, rezei com toda minha fé. Não sei se era por conta da minha ansiedade, mas qualquer movimento ou expressão no rosto da médica me deixava ainda mais perturbada. Durante o exame, para minha tristeza, descobri ter mais um nódulo. Dessa vez, na mama direita.

Com a ecografia em mãos, voltei ao médico. Consultei com vários ginecologistas para ter certeza do diagnóstico. Conversei, inclusive, com a mastologista do núcleo de mama do Hospital Moinhos de Vento, Maira Caleffi, especialista no assunto. Ela me tranquilizou, dizendo que tinha 95% de chance dos meus nódulos não serem nada grave, mas ainda assim, era preciso fazer uma biópsia para confirmar.

Somente depois de um mês, após descobrir o nódulo, agendei a biópsia. Apesar de o procedimento ser rápido e levar anestesia local, é incômodo e dolorido. Devido aos hematomas, não pude usar sutiã por algumas horas. Após uma semana, já recuperada, havia chegado o momento tão esperado. Buscar o resultado do exame e definir o rumo da minha vida.

Se por um lado, estava aliviada por ter feito o exame, por outro, senti muito medo do que aquele resultado poderia significar. Minha mãe me acompanhou mais uma vez. Ao abrirmos o envelope, não contive as emoções ao ver em letras maiúsculas: FIBROADENOMA.

Mas o que era fibroadenoma? Era algo inofensivo? Perigoso? Tinha que operar? Levei meus exames para o ginecologista analisar e poder também sanar toda e qualquer dúvida. Descobri que Fibroadenoma é um nódulo (não gosto de usar a palavra tumor) benigno que surge, com uma certa frequência, em mulheres jovens com menos de 30 anos. É uma bolinha redondinha que se movimenta com facilidade. Pelo menos no meu caso, não dói nem incomoda. 

Meus fibroadenomas medem 1,3 cm (mama esquerda) e 0,6 cm (mama direita). De acordo com os médicos que consultei, os fibroadenomas tem relação com questões genéticas e hormonais. Não precisei de um tratamento específico. A única recomendação é manter o controle, por meio de ecografias mamárias em um período de seis em seis meses.

O que eu não esperava, apesar de ter consciência da possibilidade, é que poderiam surgir novos fibroadenomas e, além disso, os nódulos também poderiam aumentar de tamanho. Depois de um tempo, surgiram mais dois fibroadenomas nos meus seios, medindo 1 e 1,8 cm. Hoje, ao todo, tenho quatro nódulos. Um na mama esquerda e três na mama direita. 

Logo no início desse ano, um dos meus nódulos, do qual fazia o controle por meio das ecografias, aumentou de tamanho. Fiquei muito assustada, pois achei que eles permaneceriam estabilizados. Fiz novamente uma biópsia. O exame confirmou que se tratava de um fibroadenoma.

Admito que, antes de me informar sobre o assunto, tive muito medo. Haviam poucos textos sobre fibroadenoma na internet. Eu, sinceramente, nunca havia escutado nada a respeito. Acho até que esse tema deveria ser mais debatido, tendo em vista que trata de um problema comum entre adolescentes.

Ter um fibroadenoma não mudou em nada a minha vida. Convivo muito bem com os meus nódulos, eles não me impediram de fazer coisa alguma. A mudança aconteceu em mim. Depois desse susto, percebi a importância de cuidar da saúde, independentemente da idade. 

Infelizmente tenho essa predisposição genética e, descobri, que assim como eu, muitas jovens também passam pela mesma situação. Por isso, decidi contar a minha história aqui no Blog para poder ajudar outras meninas e alertá-las sobre a necessidade de consultar um ginecologista. Não tenha vergonha, quanto antes você procurar um médico, melhor será o seu tratamento.

Admito que reviver essa história ainda é um processo delicado para mim. Cada vez que vou fazer meus exames de rotina, fico insegura e chorona. Precisei vencer esse obstáculo para perceber que, mesmo que o corpo não apresente sintoma algum, devemos nos cuidar, consultar um profissional especializado.

Quero lembrar que cada caso tem as suas particularidades. Por isso, consulte um médico para compreender melhor o seu corpo e o procedimento adequado. Existem profissionais excelentes, assim como os que me atenderam, que vão auxiliar você.  Não esqueça que a minha história está aqui para ajudar, mas não substitui a ida ao ginecologista.

Os fibroadenomas me ajudaram a dar mais valor ao que eu sou. Hoje, antes de reclamar ou brigar por futilidades, penso em quanto tenho sorte por viver e ter saúde. Tenho certeza que esses obstáculos me fortaleceram. É como se eu tivesse ganhado uma segunda chance de fazer tudo diferente. Sigo fazendo meus exames de rotina a cada seis meses e, sinceramente, já me acostumei com as regras do meu corpo. Em todas as ecografias, renovo minha fé, minhas energias, minha esperança de dias especiais. Afinal de contas, essa é a minha história, os fibroadenomas fazem parte de quem eu sou.


20 comentários:

  1. Nossa Ju, que susto! Obrigada por compartilhar conosco,pois infelizmente não estamos livres de ter esses nódulos ! :(

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  2. Sim, infelizmente não estamos livres. Obrigada pelo carinho Camila, beijo :)

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  3. E viva a VIDA...Tudo de BOM Jú**BJ**

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    1. Obrigada Cleusa, vamos viver e aproveitar nossa saúde. Tudo de bom para ti também :)

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  4. Descobri meu primeiro fibroadenoma na mama direita com 19 anos, fiquei preocupadíssima, fui no mastologista, fiz a biopsia e deu fibroadenoma, um ano depois senti outro nódulo na mama esquerda agora, novamente fui no mastologista e como esse é muito pequeno, ele disse que não precisava fazer outra biopsia, fiquei controlando os dois de 6 em 6 meses, como não aumentaram de tamanho (um até diminuiu), comecei a fazer de ano em ano. Fiz a ultrassom em março de 2016, fui na ginecologista em agosto, ela fez o autoexame e não detectou nenhum outro, ai hoje senti uma dorzinha (todas as vezes que senti nódulo, foi porque senti uma dor no local), e lá está outro nódulo bem perto do que eu descobri primeiro. Sei que provavelmente é outro fibroadenoma, mas estou muito triste pq fazia 6 anos que não me surgia nenhum nódulo e agora já estou aqui preocupada de novo. Espero conseguir agendar uma consulta hoje mesmo para poder averiguar, já sei que hoje não conseguirei dormir. Enfim, desculpe o desabafo, mas estou a madrugada toda vendo histórias de pessoas que passam o que eu passo.

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    1. Obrigada pelo relato Flavia. Só quem tem nódulos nos seios, entende a aflição que é fazer biópsia e exames semestrais. Fica tranquila. Faz três anos que descobri o primeiro fibroadenoma, hoje tenho quatro. Continuo fazendo exames de seis em seis meses. Quem tem fibroadenoma deve aceitar, por mais difícil que seja, que podem surgir mais, que podem aumentar de tamanho. Consulte com a tua ginecologista, faça os exames que tiver que fazer e não tenho medo. Como disse no texto, os fibroadenomas fazem parte do nosso corpo, precisamos aprender a conviver com eles. Boa sorte, um abraço!

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  5. Nossa, eu to mto nervosa!senti um nodulo no meu seio, e to aqui buscando informacoes hahahaha ano passado eu tive um, mas era fibradenoma. Oq apareceu tem um aspecto super distindo, o seus nodulos sao fixos ou moveis?

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    1. Oi Renee, eu tenho 4 nódulos. Alguns bem perceptíveis, outros não. Todos são móveis e com aspecto arredondado. O ideal é procurar o teu médico para fazer novos exames. Mas quem tem fibroadenoma, deve estar preparada para a possibilidade de novos nódulos surgirem. Fica tranquila e boa sorte. Um abraço!

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    2. Oi , Juliana !
      Como faço pra entrar em contato com você? Prciso falar como você
      Beijo Grande !

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    3. Olá, em razão da correria do dia a dia, havia abandonado um pouco o blog. Caso ainda esteja precisando conversar, me avisa. Estamos aqui para compartilhar histórias. Espero que estejas bem. Um abraço!

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  6. Nossa , vejo que não sou a única que passou por isso , sua história é super parecida com a minha eu tenho 2 Fibroadenomas e quando fui ao médico quase fiz um barraco pra que eles tirassem isso de mim , e todos os médicos que eu ia falavam que eu não precisava me preocupar pois eles me acompanhariam no que eu precisasse , é que eu precisava ir ao médico a cada 3 meses , e eu não me conformava com a questão de não haver remédios que fizessem eles desaparecerem , seu texto me ajudou muito , obrigada ❤️

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    1. Oi Rayane, tudo bem? Fico feliz de saber que o meu texto te ajudou. Infelizmente, os fibroadenomas exigem um monitoramento constante. Mas, aos poucos, você se acostuma com essa rotina. Fica tranquila e boa sorte! Beijo

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  7. Oi meninas! Acabei de descobrir um nódulo de 4cm no seio direito, já foi constado ser benigno, um fibroadenoma. Pelo visto o crescimento dele foi rápido, pois esta grande e nunca tinha reparado antes. Os médicos que passei indicaram cirurgia pelo tamanho dele. Mas pelo que estou lendo, pode aparecer outros... :/

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  8. Olá, obrigada pela mensagem. Nós que temos fibroadenomas precisamos nos acostumar com o possível surgimento de novos fibroadenomas. Mas, fique tranquila, apesar de incômodo, eles são benignos. Convivo com os meus (tenho 5) há 4 anos, sempre fazendo exames de controle. Um beijo e boa sorte!

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  9. Bom dia,juliana tbm tenho fibrodenoma já me operei ,4 vezes incluse a última vez foi .Em.03/11/2018
    Quando foi agora senti um.nodulo fui fazer a ultra estou com 4 nódulos 2 .cada seio a dr que fez a ultra falou que provavelmente e fibroadenoma de novo.mais ainda não levei a ultra ao mastologista ,estou naquela aflição

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    1. Olá Cássia, infelizmente quem tem fibroadenomas, precisa se acostumar com o fato de que novos nódulos podem surgir. Fica tranquila. Espero que o resultado da tua ultra tenha confirmado que se trata de novos fibroadenomas benignos. Fique bem, um abraço!

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  10. Tenho 19 anos e há 1 ano descobri este nódulo no seio. A médica também falou que provavelmente é benigno e me deu 2 opções, ficar acompanhando de 6 em 6 ou fazer cirurgia. Estou fazendo o acompanhamento e pensando em retirar, mas agora lendo os relatos que podem surgir mais, fico na indecisão. Pergunto, os médicos já lhe indicaram a retirada ou você tem vontade de tirar?

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  11. Olá, logo quando eu descobri o meu primeiro fibroadenoma, o médico, na época, me indicou fazer a cirurgia. Contudo, ele me alertou sobre a possibilidade de novos nódulos surgirem. Optei por não operar. Tempos após, realmente surgiram novos fibroadenomas (tenho cinco no total). Atualmente, faço os exames uma vez por ano. Então, acredito que o melhor seja procurar o teu médico e conversar qual a melhor decisão para o teu caso. Fique à vontade para vir aqui e conversar. É bom compartilhar nossas histórias. Fique bem, um grande abraço!

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  12. Oi gente tenho fibroadenoma a 11 anos descobrir quando tinha 20 anos,hoje tenho 31 e convivo com isso,Tenho 2 um em cada mama,Tenho medo às vezes porque tenho filhos mais é por eles que eu mim cuido.Fiquem tranquilas que com o tempo agente acostuma.

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