sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Talvez sim, talvez não

Tenho 24 anos. Não sou mais adolescente nem tão pouco me sinto adulta. Estou no meio do caminho, porém sinto a pressão da maturidade. É hora de crescer e tomar algumas decisões importantes. Decisões estas que guiarão o meu futuro.
 Nessa fase da vida, precisamos escrever nossa própria história ou, pelo menos, começar a escrevê-la. As responsabilidades, que antes eram poucas, agora se tornam fundamentais.
Ao olhar para trás sinto orgulho das escolhas que fiz, mas admito que em alguns aspectos poderia ter agido diferente ou tomado outras decisões. De qualquer forma, dizem que os erros servem para nos fortalecer e, sinceramente, prefiro acreditar nisso. Conforta-me saber que ainda tenho tempo de mudar, trocar de opinião, aprender coisas novas.
        Desde pequena sempre gostei muito do mundo artístico. Sonhava secretamente em ser uma cantora famosa ou quem sabe apresentar um programa de entretenimento. Minhas brincadeiras preferidas giravam em torno desse meu mundo particular. Confeccionava meu próprio microfone com folhas de ofício e rolos de papel toalha. Na falta de um, pegava uma colher da cozinha. Por vezes, pintava a bandeja de carne para segurá-la enquanto fingia entrevistar celebridades. Em datas comemorativas, produzia vídeos para homenagear minha família. Era tudo tão simples, mas continha muita sinceridade em cada atitude.
        Outro passatempo preferido era olhar aviões no céu ou passageiros do carro ao lado e imaginar quem eram aquelas pessoas, para onde estavam indo, quais seriam seus planos. A curiosidade sempre foi uma boa companheira. Depois que me formei no ensino médio, tomei a decisão mais arriscada e, até posso dizer, impulsiva da minha vida. Contrariando meus pais e meus amigos, decidi cursar jornalismo. Para ser sincera, não sabia exatamente o que eu queria ser, muito menos aonde o jornalismo poderia me levar. No entanto, segui essa intuição. Sentia que lá era o meu lugar.
Meus pais trabalham no ramo imobiliário, meus tios são vendedores, meu avô paterno arquiteto. Ninguém entendia muito essa minha decisão inusitada de ser jornalista. Para falar a verdade, acho que nem sabiam o que pensar dessa profissão. Para eles, eu ocuparia a bancada do Jornal Nacional ou seria a nova repórter do Fantástico.
Ao longo de seis anos me dediquei inteiramente à comunicação. Aprendi a escrever reportagens, diagramar páginas de revista, produzir matérias para o rádio e também como me portar diante das câmeras. Foi uma linda trajetória, embora muitos ainda duvidassem das minhas capacidades. Ao mesmo tempo em que o meu eu interior desejava todo esse glamour proporcionado pelo jornalismo, por fora me mantinha um tanto insegura e tímida com essa situação. Qualidades estas que não combinam com a profissão a qual optei seguir. Para ser sincera, às vezes até eu mesma questionava se não havia tomado o rumo errado, tendo em vista que todos os meus colegas se expressavam com facilidade enquanto eu lutava contra minhas próprias limitações.
Em janeiro desse ano a tão sonhada formatura aconteceu. Agora, digo com orgulho: sou jornalista diplomada. E embora tenha começado outra universidade (estou no terceiro semestre de Direito), sinto que não devo desistir desse sonho que começou lá na infância. Por mais que as coisas não estejam do jeito que eu gostaria que estivessem, por mais que eu não tenha sido a aluna mais notada, vou seguir em frente, porque no fundo tenho a sensação que é isso o que devo fazer.
Talvez com 24 anos eu já precisasse ser completamente independente de meus pais, talvez eu devesse ter uma carreira consolidada, talvez eu devesse ter escolhido uma profissão que me garantisse mais segurança e estabilidade, talvez, talvez, talvez...
O mundo nos apresenta uma série de opções e caminhos. Cada qual com os seus atrativos. Ao dizer sim para um deles, automaticamente renunciamos ou adiamos os outros.  São as nossas escolhas que definem que tipo de ser humano nos tornaremos no futuro. Assim, escrevemos diariamente a nossa história com passagens de suspense, humor e drama. Somos os autores e protagonistas desse enredo tão instigante.
Mesmo que muitas pessoas tenham me ignorado ou desacreditado em meu talento, nunca pensei em desistir do meu sonho de ser jornalista. Se eu não seguisse os meus instintos, talvez nunca tivesse conhecido um universo tão interessante ou feitos amigos tão verdadeiros quanto eu fiz na universidade. Pode ser que os outros estejam certos e eu nunca consiga sucesso nesta profissão. Sim, há essa possibilidade, não posso negar. Mas, também tem chance do destino ser generoso e me surpreender positivamente. No momento, prefiro arriscar e fazer aquilo que me faz feliz, mesmo que mais tarde eu pague caro por essa decisão. Enquanto a vida não me sorri e me proporciona uma chance vou desbravando novos caminhos. Nunca tive medo ou vergonha de fazer aquilo que tenho vontade.
Conto minha história não para que as pessoas tenham pena de mim ou se comovam com os meus sentimentos, mas sim, para motivar outros sonhadores a não desistirem de seus objetivos. A vida não é fácil amigos. Infelizmente teremos que conviver com vitórias e fracassos, com palavras de apoio e duras críticas. Faz parte do jogo. Enquanto vivemos o presente nos deparamos com uma série de respostas incertas, os conhecidos: “talvez”. Basta a cada um se deixar envolver pelo talvez sim ou pelo talvez não. A escolha é sua.

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