domingo, 1 de abril de 2012

A era da televisão digital

Desde a sua inauguração no Brasil, em 18 de setembro de 1950, a televisão apresentou-se como o símbolo da modernidade. O aparelho satisfazia desejos ancestrais do homem (estar onde ele não poderia estar e acima de tudo, assistir o que ocorreria do outro lado do mundo).
O rádio era, nessa época, o veículo dominante entre os populares.  Por ser novidade, faltava mão-de-obra especializada na tevê. A solução foi buscar artistas do meio radiofônico. Enquanto no rádio ouvia-se somente a voz do apresentador, na televisão o telespectador pôde vê-lo. As pessoas sentiam-se próximas dos fatos. Era como se o jornalista estivesse falando diretamente para elas.



Entretanto, como qualquer lançamento tecnológico, a TV inicialmente era um artigo de luxo. Somente com o crescimento da produção, os aparelhos tornaram-se acessível a todos. No ano de 1972, a televisão brasileira ganhou cores. As imagens foram feitas na inauguração da Festa da Uva, em Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul.
Depois da revolução das cores, a tevê evoluiu pouco (não em termos de linguagem). Os japoneses foram os primeiros a perceberem a necessidade de inovação. Os cientistas partiram em busca do aprimoramento do sistema analógico. A intenção era proporcionar ao telespectador sensações próximas do cinema. Porém, foi comprovado no fim dos anos 80 e começo dos 90 que a televisão deveria estar mais associada aos bits de um computador para que conseguisse alcançar desejada qualidade. Esse processo resultou em uma convergência entre a TV e a internet. Gradativamente a televisão foi se modificando.

Em 1999 iniciaram os testes para a implantação da televisão digital. O padrão de transmissão adotado no Brasil é o SBTVD-T (Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre) com base no padrão ISDB-T utilizado no Japão. Com o sistema digital é possível transmitir som e imagem de melhor qualidade, viabilizando a TV de Alta Definição (HDTV).  Outra novidade é a exibição de até seis canais em uma mesma faixa de frequência. Os aparelhos passaram a ter tela de plasma, resultando em televisores leves e portáteis.
O sinal digital cria um ambiente de convergência midiática e produção de conteúdos multimídia. Se antes uma rede atuava como suporte para a prestação de um único serviço. Agora, com o avanço da tecnologia, uma mesma rede oferece diversas opções. De acordo com o decreto nº 4.901, assinado em novembro de 2006, pelo ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, as principais finalidades da TV digital são: promover a inclusão social, a diversidade cultural e a língua pátria por meio do acesso à tecnologia; propiciar criação da rede universidade de educação à distância; estimular a pesquisa e o desenvolvimento, entre outros fatores.
A televisão digital traz benefícios para o telejornalismo. As funcionalidades permitem interatividade entre o telespectador e a emissora. Desta forma, acredita-se impulsionar uma democratização da notícia. Por outro lado, sabe-se que a maioria dos brasileiros possui no agendamento dos temas estabelecidos pelos meios de comunicação, a sua primordial forma de se relacionar com questões de natureza social, política e econômica. A dúvida que permanece é se o modo digital poderá alterar essa realidade.
Entre as vantagens do digital em relação ao analógico, destaca-se a multiprogramação, a interatividade e a high definition. Porém, para tais avanços, necessitam-se investimentos em novos estúdios, câmeras, videotapes e transmissores. De acordo com o ex-ministro das Comunicações, Hélio Costa, as emissoras de todo o país têm até o ano de 2016 para adotar o sistema digital. Mas como iremos pensar em um meio totalmente digitalizado, se a maioria dos telespectadores não tem aparelhos habilitados tecnicamente para essa nova tecnologia?
A realidade dos televisores digitais é distante.  Grande parte da população nem ao menos sabe o que o sistema pode proporcionar. A única expectativa dos consumidores, quando se menciona a TV digital, são as imagens em alta definição. Uma saída encontrada para resolver o problema foi habilitar a transmissão digital para celulares. O telefone móvel passou a integrar o grupo de dispositivos portáteis na recepção de sinais digitais. Mais barato do que um aparelho televisor, o celular contribuiu para facilitar o acesso e a portabilidade.


Faltam apenas quatro anos para a inauguração da televisão digital. O modo digitalizado mexe com a forma de “fazer televisão”, com os padrões e os paradigmas. O jornalismo atualmente, não se limita mais ao papel. Ele está presente na TV, na internet, no rádio e no celular. As inovações tecnológicas são sempre um desafio, pois é necessário abandonar o modelo já dominado e partir para um mundo totalmente desconhecido.
Vive-se a era da convergência. O telefone, a televisão e o computador não são mais objetos delimitados por fronteiras intransponíveis de usos distintos. Com um celular é possível acessar o e-mail, tirar fotos, assistir televisão e distribuir conteúdos multimídia para grupos e redes. Hoje, muitos telejornais transmitem imagens gravadas por telespectadores. Qualquer pessoa pode ser detentora do próprio conteúdo. Os meios de comunicação estão perdendo o monopólio da notícia.
De acordo com o jornalista e professor de telejornalismo na Universidade Federal Fluminense, Felipe Pena, a interatividade proposta pelo modo digital é "caracterizada por relações interdependentes e processos de negociação em que cada integrante participa da construção inventiva e afeta-se mutualmente." Por outro lado, vale ressaltar que mesmo com o crescimento da participação popular nos programas televisivos, ainda assim, esse acesso é limitado e controlado pela indústria da informação. Estamos em março de 2012 e, até agora, poucos são os interessados em adquirir um televisor com o receptor digital acoplado ou um conversor externo. Uma das razões pode ser o custo gerado para o cidadão. Com o passar do tempo, esse valor está diminuindo.


Seja com o celular, a internet ou a televisão, estamos conectados ao mundo. A unificação de todos os meios gera a convergência midiática. Hoje se tem o quer, onde estiver, disponível no aparelho que preferir. As pessoas podem buscar informações, alterar os fatos, corrigir erros, analisá-los instantaneamente, e até serem produtoras da própria notícia. É quase impossível imaginar a vida sem televisão. Esse simples aparelho tornou-se artigo essencial para a sobrevivência humana. 

Um comentário:

  1. Ju! Adorei! Não sabia que tu tinha essa blog. To colocando no meu blogroll já, haha. Beijo!

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